Santinhos

          Quando pegou a senha da fila do banco era o número 121. O próximo cliente a ser atendido foi o de número 88. Seria uma longa espera. Abriu seu livro, leu cinco páginas e nada. Fez, com um papel e uma caneta, calar o choro uma criança que, entretida em desenhos, esquecera o motivo por que chorava. Dois minutos depois já estava trocando histórias com a moça ao lado. Ela era assim, comunicativa. Com seu sorriso espalhado pelo rosto distribuía, gratuitamente, gentilezas. Ao olhar sua bolsa, reparara o tanto de folhetos. Eram muitos e ali havia muitos necessitados. Rodou o andar sem se esquecer de ninguém. Até os caixas receberam as mensagens. Rapidamente, o guarda interveio: ‘A senhora está fazendo campanha política, é?! Aqui não pode, não!’. Encabulada por ter sido confundida com esses que distribuem santinhos de homens corruptos nos quais ninguém mais acredita, de pronto rebateu: ‘Não, moço, os meus santinhos não são de homens, são de Deus… Só estou aqui distribuindo fé. Fé, em banco, pode?!’

3 comentários em “Santinhos”

  1. Norma Marilda Ribeiro Busato

    Muito bom esse texto como tudo que vc escreve! Deveria publicar um livro com esses textos, fica a dica! Parabéns…amo todos eles!!!

    1. @domingas_admin

      Obrigada, querida, pela força!

      Já estou separando as crônicas para o lançamento do terceiro livro!

      Abção,

      Domingas.

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