Dizer “não” não dói.

Há situações na vida em que o nosso único arrependimento é não termos usado uma palavrinha básica: Não. Apesar da descrença coletiva, saibam: dizer “não” não dói. Aliás, é questão de sobrevivência, de qualidade de vida. Quantas vezes por dia você já se arrependeu de não ter feito uso dessa palavra corriqueira e se meteu na maior furada por puro medo de desagradar?

 A maioria das pessoas não sabe negar. Mas negar é necessário. Melhor: obrigatório. É preciso mostrar até onde vão nossos limites. É assim que damos uma chance ao outro de nos conhecer de verdade. Você não tem obrigação de viver de “sim” para ser amado. Sujeitar-se ao pedido descabido de alguém que lhe impõe uma vontade que não é a sua, é a coisa mais inútil que existe.  Ninguém agrada a ninguém cem por cento do tempo.

Viver tentando fazer o outro feliz é se fazer a pessoa mais infeliz do mundo. Quer um exemplo? Você deu carona a um amigo e, no meio da festa, o tal decide que quer ir embora. Começa a perguntar a hora que você pretende sair, se vai demorar muito, etc. Aí, você, por não saber dizer “não”, acaba cedendo e partindo. Larga o melhor da noite para trás e depois promete a si mesmo que nunca mais dará carona para ninguém. E para que tanto drama? Não seria muito mais fácil agir com franqueza e dizer: Olha, eu vou a hora que eu for… E pronto, vire as costas e se divirta. Ora, quem está de carona tem – ou deveria ter – o bom senso de saber muito bem que depende da vontade do dono do carro. Quer ir embora? Pega um táxi, arruma outra carona, se vira!, ou, se preferir, sente emburrado num canto da festa e fale mal de mim…

Aos oito anos de idade eu li uma historinha de um camaleão que me marcou pra sempre. O animal, que no início da fábula era rosa, ia mudando de cor para agradar a cada bicho que o visitava. No final das contas, após ter tido todas as cores possíveis – inclusive roxo com bolinhas laranjas – ele concluiu, com uma frase, algo que resume bem o propósito desse texto: Quem não sabe agradar a si mesmo, não pode agradar a ninguém!

 

Foto: Amy Treasure

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