Mi casa, su casa.

Seja bem vindo, bem vinda, bem vindxs, bem… Aqui todo mundo entra, todo mundo esquenta, todo mundo é gente de bem. Pode chegar, não precisa trazer nada, nem o pé no tapete limpar. Bater antes de entrar?, pra quê?, se esse é o “nosso” lar… Aqui são bem vindas as pessoas que vêm de todo lugar. Aqui entram todos os credos, todos os cultos ou todas as descrenças que ainda não souberam inventar. Aqui cabem todas as praças, todas as ruas, todas as raças. Aqui entra a alegria e a tristeza e convivem, sem guerra, o glamour e a pobreza. Aqui entram os doutores, os analfabetos, os que falam o idioma das plantas. Aqui entram as mulheres, os homens, os trans, as travas, as drags, os obesos, os fit, os anoréxicos, os altos, os baixos, as crianças, os adolescentes, os idosos, os adultos… Aqui entra o afro, o branco, o pardo, o verde com bolinhas roxas, o cor de tangerina seca, o listrado, o desbotado e todas aquelas outras paletas de cores ridiculamente formatadas em caixinhas sem criatividade qualquer pelas pesquisas do IBGE. Aqui entram todos os programas de TV, gêneros musicais, números cardinais, alfas, betas, gamas e ordinais… Aqui entram todos os que precisam de barulho e de silêncio. Aqui cabem os que falam e os que calam. Porque mi casa é mi coração. E mi coração é su casa na compreensão. Na compreensão de que um coração é a mansão do bem estar, do convidar pra entrar, do chega aqui mais perto, do me visita pra ficar… Porque um coração é um palácio de infinitos cômodos feitos para as semelhanças e as diferenças poder abrigar. Porque o coração é o terreno mais fértil para o brotar do respeitar. O coração é o casarão do humanizar. O único lugar onde a verdadeira comunhão pode, profundamente, nos habitar. Sejam bem vindxs. Mi casa é su lar…

Photo by Jon Tyson on Unsplash.

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