Desabafar para não desabar.

Há aqueles dias em que nos sentimos engasgados. Uma bola de fogo na garganta, um gosto de lágrima nos olhos. E a vida, numa confusão… Parece que estamos a um passo do desabamento. Em pouco tempo, seremos ruínas. Aí, vem alguém e nos pergunta: como você está? E em vez de dizermos aquele típico ‘tudo bem’, olhamos fundo nos olhos da pessoa e confessamos: mal, muito mail. É nessas horas que descobrimos quem realmente está em nossas vidas. Quem veio para ficar, nos permite este desabafar. Muita gente é para as festas e as fotos das alegrias. Mas aqueles que sabem ter o colo de um ouvido sincero, estes, sim, nos querem bem. Como bons humanos, desabafamos para não desabarmos. É preciso. A palavra, a confissão, o colocar pra fora tudo aquilo que estava nos oprimindo. Palavras presas são feras iradas. Se saem, são águas aliviadas, um longo e novo fôlego, uma linda chuva de verão. Então, quando o peito estiver prestes a se dilacerar, quando a mágoa for o espinho a te lanhar, não hesite, deixe aquilo que está a te arranhar sair para passear. Todos nós precisamos. Um desabafo é uma diet express da alma. Faz com que a gente perca o peso da escuridão que reinava por dentro. Colocamos as ideias em ordem. Damos ouvidos aos sentimentos, às vozes internas que estavam apenas à espera dessa liberação.

Crédito da foto: Aaron Blanco Teje.

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