Opiniães, ai, minha mãe…

Eu opino, Tu opinas, Ele opina, Nós opinamos, Vós opinais, Eles opinam.

E quem não opina? Ah, esse não tem cartaz. Nas redes sociais…

Primeira coisa. Pra que o mundo precisa de tanta opinião? As que temos aos milhares já não são o bastante? Vivemos a era do excesso. Compre mais, malhe mais, corra mais, trabalhe mais, viaje mais, viva mais, sorria mais, opine mais, mais, mais. A ditadura do mais chega a ser demais. Ou seria de menos? Ai, esses trocadilhos… Tá bom, gente, parei. Voltemos à opinião, porque este é o assunto em pauta. Ih, já estou sentindo um bando de opiniães vindo em minha direçães (tá bom, desculpem, não resisti). Comentário em cima de comentário. Comentários sobre os comentários. Tudo vira debate, quer dizer, discussão, porque debate ainda lembra diálogo, mas nas discussões que vemos por aí só há monólogos. Em cascata. Enfim… Eu sempre, sempre, quando quero resumir algo digo: enfim. Enfim.

http://gph.is/2nruo8m

Opiniões, opiniães, cada um tem a sua. Ai, minha mãe… Sempre engatilhada. Arma no coldre, tipo aqueles filmes de bang-bang. As mãos trêmulas na altura da cintura só à espera do momento exato. Pronto, alguém soltou alguma headline, alguém disse alguma coisa, alguém silenciou sobre alguma coisa, é hora de sacar a minha opinião. Apontei, mal mirei, pronto, atirei. Se errei? Quem se importa? O que importa é puxar o gatilho. Ainda que eu não saiba bulhufas (nossa, essa é do tempo da vovó) do que estou falando. E daí? Quem se importa. O outro lado também não sabe o que fala. Não importa. O que importa é a gente falar, pôr pra fora, poxa, foram anos de ditadura (será que ela volta? Certas opções presidenciais… ai, que medo!), então, agora a gente quer — precisa, aliás — se expressar. Eu tenho direito constitucional garantido à livre expressão (pelo menos por enquanto). Então ume expresso. Express-amente. Expres-sem-mente.

Num clique, num átimo, somos os The Flash da argumentação instantânea. E daí, se eu não pensei sobre o assunto tempo suficiente para comentá-lo?! Você não entende nada, mesmo. Se eu fosse parar pra pensar dois segundos, ele já teria saído da pauta e outros nove assuntos já teriam sido opinados e eu não teria participado, sacou?! Aí, não dá. Eu estou aqui para compartilhar! E vou compartilhar. Toda a sapiência da minha ignorância. Toda a lucidez da minha obscuridade. O meio me possibilita a fala, a escrita, então eu falo, eu escrevo, serto? Claro, claro, entendi. Só uma coisinha, pra deixar tudo muito bem opiniado, é que você escreveu o seu “serto” um tantinho quanto errado…

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