Domingas Alvim

Escrevo e me batizo com a água santa do caos das palavras. Escrevo e faço de mim a correnteza do rio, o riso da lágrima, o sol da chuva, a vida do avesso. Escrevo e assim conheço o que desconheço... Na escrita, reencontro os que nunca encontrei, mato as saudades das memórias com as quais nunca sonhei. A escrita é meu pouso, meu refúgio, o lugar para onde eu fujo quando quero me encontrar. Profundamente... Se escrevo, é para tentar me buscar. Se escrevo, é para tentar te tocar. Na palavra respira o meu ar. Nela, redescubro o amor que me gera e fico mais perto da vida... Escrever é só. Só a minha maneira de pegar o mundo com as mãos…

Olhos azuis

Os olhos dele olhando os olhos dela. A cor do céu da água mais cristalina. Nela. Dava vontade de refrescância. Logo ele, que sentia tanto calor. Talvez os trópicos lhe dessem essa excitação, que só aumentava diante daquelas piscinas oculares. No dia em que, finalmente, foram pra cama, foi como se tivesse mergulhado. Em céu.