Desafinada

Me tirou a capa
me apoiou no colo
me esticou as cordas
me tocou as notas

achou meu mi, meu si, meu sol
achou meu ré, meu lá e, novamente, meu mi

no dedilhado dos seus dedos – vibrantes unhas-paletas –
me afinou pelos tendões de suas mãos

Fez suas melodias pelas casas do meu corpo e-se-foi… arrebentou-me as cordas
tirou-me os sons
deixou-me a caixa oca,
o buraco no meio da cintura
e a melodia desafinada
do silêncio.

 

Crédito da foto: Edu Grande.

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