Eu, o espelho, a casa.

Acordo. Deixo a cama por fazer. Deixo o copo sujo de café na pia. Não escovo os dentes. Não abro as janelas. Vou notando. Ao meu redor, a casa. Bagunçada. De repente, passo na frente do espelho da sala. Me olho. E olho o resto da casa atrás de mim. Estamos quites. Eu e ela. Somos uma coisa só. Na verdade, a casa é o espelho. Quando ela está bagunçada, é porque eu estou uma bagunça. Interna. Quando ela está largada, sou eu quem preciso de ânimo. Quando ela está caótica, sou eu que preciso de um up. Se ela está fechada, sou eu que estou pra dentro, querendo me esconder. As coisas nos refletem. A casa, refletida no espelho, é o meu espelho. A casa é muito mais que a casa. A casa. Sou eu.

Crédito da Foto: Milada Vigerova.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *