Labaredas

Quem me dera um dia falar a língua do fogo

na oração das portas que se abrem

como os portais das antigas cidades romanas aos estrangeiros escravos

o abraço por uma estrutura de pedra

Quem me dera um dia falar a língua do fogo

todo calcário das pedras em arco sobre as cabeças

um passo sobre a terra e uma amiga

que acaba de regressar de Kuala Lumpur cheia de histórias orientais

‘não conheço’, eu lhe digo, mas um dia, quem sabe

E sentir o pressentimento de um colar de conchas

envolvendo meu pescoço

O mar batendo suas orlas por dentro e a vida, por fora, sendo chão

e areia.

Um rosário budista de 108 contas na mão, os obstáculos, as paixões

a corda do Dharma penetrando o espírito do homem

uma reza nas vestes do silêncio escorrido pela janela

nas gotas da chuva a embaçar a imagem do tempo

por detrás do vidro, nossa antiga condição de existência

90º exatos, a condição da moldura

na madeira cheia

de cupins.

*Crédito da foto: Gianni Zanato

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