Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the astra-sites domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/qjvbsec/www.domingasalvim.com/wp-includes/functions.php on line 6114

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the woocommerce domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/qjvbsec/www.domingasalvim.com/wp-includes/functions.php on line 6114

Notice: A função _load_textdomain_just_in_time foi chamada incorretamente. O carregamento da tradução para o domínio astra foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home/qjvbsec/www.domingasalvim.com/wp-includes/functions.php on line 6114
Palavras afiadas – Domingas Alvim

Palavras afiadas

         Quando eu fiz treze anos corri de lá. Nada me faria voltar praquele lugar. Era o inferno, aquela mulher. Palavra. O marido, coitado, nunca soube. Ela me fazia sofrer. Pegava a palavra do garfo e me furava o garfar na pele. Eu ficava toda marcada, reticências que não acabavam mais. Eu era que nem uma escrava. Eu não sabia lutar. Era bicho acuado. Ela me batia com os verbos na cabeça. Batiam duros, feito colher de pau. Uma tarde, pegou a palavra cinto e deu uns números nas minhas costas. Foi uma equação de poucas letras. Me lanharam tanto… Tenho as cicatrizes, depois te mostro. A mulher era o diabo. Pior. O marido nunca soube. Sabia que ela me batia. Toda mãe bate. Ainda mais adotiva. Pra que me adotou se não sabia soletrar o amor? Me batia por qualquer frase. Me sentava a palavra na mão, na cara. Batia numa fala sem dois pontos. Numa escrita sem vírgula. Tudo nela saía sem ponto final. Ela não tinha dó. E eu só tinha interrogações: por que ela gostava tanto de me machucar? Me jogou tudo quanto é palavra afiada em cima, me queimou com a inexistência dos verbos em brasa. Nada segurava a maldade no dicionário daquela mulher. Até que eu disse pra mim: vou fugir. E fui. Vim pra cá me reescrever. Arrumei um emprego num hotel. Lavava e passava até a mão sangrar. Mas era melhor assim. Tudo era melhor que aquele sangue espirrado nas palavras de quem, sem palavras, deveria me ensinar a soletrar o amar.

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