A espera

        Quem será que vem? Quem será que vem? Você sabe quem será? Ninguém vem. Mas então o que vem? Tem alguma coisa vindo. Eu tô sentindo, eu sempre sinto. Tem alguém que vai chegar, alguma coisa vai acontecer, alguma notícia vai romper. Eu sei que tem alguma coisa, tem essa sensação de que algo vem, de que algo vem. O que é que vem? É pessoa? É comboio? É carta? É o quê? O que será que vem? Algo vem, algo vem, algo vem. Eu sei que algo vem, você não sente? Eu sinto como quem sente o escuro, como quem espera, como quem espera. Eu sinto como quem ausculta, como quem espera, alguém, algo, alguma coisa indefinida. Eu sinto como quem espera. Quem espera sente como eu, uma espera da qual não se sabe o que esperar… O que esperar? O que eu espero? O que eu sinto que espero, que espero, que espero e que não chega? Eu sinto essa espera como quem ausculta, como quem espera e não sabe que até quando dorme esta espera espera. Espera, espera, espera… O que é que espero? O que espero, você sabe? Por que espero o que não sei que espero, o que não sei esperar? É a agonia. É a incessante agonia de quem espera sem saber. De quem espera sem saber esperar. De quem espera sem saber o que esperar. De quem espera esta angústia passar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *