O mês da sua chegada

Julho chegou e você veio junto com ele. Abriu a porta como se fosse a própria entrada. Se anunciou apenas com um olhar. E um sorriso. Que me atravessou como as estradas atravessam os túneis. Assim, sem qualquer pedágio ou permissão. Nem precisar falar precisou. Apenas me tocou como se, na ponta do seu dedo, eu fosse a importância. E aquilo me tocou como as estrelas-do-mar tocam o fundo das areias. Com a leveza e a profundidade dos corpos que vivem sob as águas dos silêncios. E antes que eu pudesse pensar qualquer coisa, ensaiar qualquer dizer, o calor dos seus lábios já era o meu pescoço. E eu era o mundo correndo atrás de seu eixo… E quando abri os olhos, vi, à minha volta, as paredes, a mesa, as cortinas, tudo de cabeça pra baixo. Tudo como o caos escreve suas letras. E, perdidos nesse embaralhado de palavras feitas de carne, ossos e sonhos, nossos corpos, deitados no chão, eram a linha do horizonte. Neles, o sol do universo se pôs. Fazendo a noite tocar os dias. Fazendo a luz arder como o fogo. Da primeira vez…

 

Crédito da Foto: Alejandra Quiroz.

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