Sim, me espera aí!

Sim. Vou. Chego. Abro a porta. Abro a boca. Falo. Pergunto. Estou errada? Quero vencer este medo. Este medo que tantas vezes já me venceu. Agora chega. Não mais. Vou arriscar. Medo do não, você já deu. Não estou mais nem aí pra você. Agora vou fazer da vida o que quero fazer. Ficou aí me impedindo, colocando minhocas na minha cabeça. E eu, feito mendiga, te implorando por favor, me rendendo, me largando, me deixando pra trás na sua escuridão. Ah, sai pra lá. De assombração já estou cheia. Quero respirar. Livre. Sem sofrer. Sem dor. Sem seu peso sobre meus ombros. Peso da incerteza. Peso da expectativa. Peso do não. Não digo eu. Eu digo não ao não. E digo sim a mim. Vou arriscar. Chega. Chega dessa vida cheia de coleiras, gaiolas, algemas. Isso não vai me levar a nenhum lugar. Quero andar. Pra frente, pros lados, abrir os braços, abraçar o mundo. Depois voltar, relaxar, sentar, mas com leveza, liberdade de tentar e de saber que se não deu, ok, já valeu. A experiência do não também é válida. A vida é um instante. Bolha de sabão. Se eu ficar esperando muito dela, ela estoura e eu fico com nada na mão. Então, não. Não mais ficar hesitando. Não mais ficar achando que uma resposta negativa será meu precipício. E daí? Tá, ok, você recebeu um não. E daí? Ao menos tentou. Foi sincera, se entregou. A vida é uma entrega. Peito aberto. Voo solto. Cordas e amarras largadas lá atrás. Pés no caminho. A caminhada é a chegada. O resto é o que nunca saberemos ou entenderemos. E daí? Um não. E daí? Dois nãos? E daí, 537 mil nãos. Ah, se não deu por aqui, vou por ali. Se não deu por ali, vou por lá. E se por lá não der, que seja. Eu paro. Respiro. Sento de frente pro sol. Agradeço a tentativa, a esperança, a magia de estar vivo e ser a possibilidade de mais uma vez recomeçar. Recomeçar quantos e tantos forem os recomeços. Eu mereço. Saber que posso. Ser mais uma possibilidade, mais uma tentativa. E posso mudar. E me refazer. E receber da vida o que ela tiver querendo me oferecer. Às vezes, sim, ficar triste. É difícil se frustrar. Mas é humano. Todos nós somos assim. Queríamos que fosse. Mas não foi. E daí? Somos criativos. Bolamos outro e outro e outro plano. Recomeçamos. A vida só termina quando termina. E aí ela vai pra outro plano. Enquanto isso, nós ficamos por aqui. Tentando aprender a não nos perder. Ou melhor, aprendendo que perder também é o que nos ensina a vencer. Então, medo do não. Pode ir acender sua luz em outro lugar. Em mim mais não. Eu vim aqui pra tentar. E quero disso usufruir. Esse é o meu lugar neste lugar. Eu vim aqui pra tentar. E é assim que, mesmo um não recebendo, irei me realizar. Abraço. Sim, espera aí, meu amor, me espera que eu tô chegando!

*Crédito da foto:  Brooke Cagle

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