Carinho

Há uma infância em mim que não quer se perder. Que está sempre à tona, à frente das minhas vontades, dos meus afetos. Eu não quero crescer porque não quero deixar de ver o essencial… o genuíno. As crianças sabem o que é bom, o que faz bem, o que é
fundamental… Fundamental é carinho de vó, é cafuné de mãe, é ter um pai que nos deita na cama e nos conta histórias de heróis que eram apenas gente como nós. Fundamental é termos amigos, uma família doce, pessoas dispostas a fazerem o bem em volta de nós.
Fundamental é coração bom, é caráter, é moralidade, é valor, é ética. E o que são valores hoje em dia? Valores tornaram-se preços. Mas preços não são valores… Valores não são precificáveis porque são gratuitos, mas valem o que nenhuma quantia de dinheiro compra… Eu quero gente do meu lado! Gente! Gente disposta a fazer o bem, a ser gentil, a ser gente. Eu não quero pessoas por conveniência. Eu me conecto mais a alguém bom do que a alguém inteligente. Porque inteligência não vale mais que um coração bom… Descobri, quase ontem, que ser feliz é fácil. Ser feliz é viver um dia de cada vez. Um dia de cada vez… É entender que qualquer gentileza de estranho é um gesto de afeto… Se soubermos abrir os olhos e abraçarmos o mundo com toda a sua beleza saberemos que as coisas mais importantes estão debaixo do nosso nariz. Um
confidente, alguém que nos ouça, alguém que nos ame, alguém que nos cuide. Tem coisa melhor? Não tem. Não há nada melhor que gente… gente disposta a dar afeto em troca de nada… Porque gente que sabe tirar e querer e exigir e pedir tem muita… Mas gente que sabe doar, dar, presentear, ouvir e ceder… que poucas… É por isso que eu não me preocupo com números… Números não querem dizer nada. Estar entre mil pessoas é apenas estar no meio de mil pessoas. Mas estar no meio de duas pessoas nossas é estar
cercado de afeto. E não há coisa melhor…
Ontem, depois de um final de semana cercada pela minha família me caiu uma ficha. Uma ficha gigante. Não há nada melhor que afeto. Afeto é semente, é vida, é acolhimento, é aconchego. Estar perto de gente que nos ama é a melhor coisa da vida.
Faz a gente abrir os olhos pro comum, pro ordinário, pro banal. Não há nada de mais extraordinário pra se viver do que se viver na presença de amor. Sentir-se amado nos faz ter vontade de viver a vida como ela deve ser vivida: um dia de cada vez! Sem pressa,
sem angústias. Viver a vida de hoje é uma só vez… Viver cada hoje como se fosse cada hoje é conquistar vários amanhãs positivos, lembráveis… Eu quero ter mais dias comuns. Só isso é o que eu quero de mais. Mais dias comuns. Mais dias com você, que me fez me sentir um incomum afeto pela vida.

*Crédito da Foto: Alberto Casetta

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